Amplificador operacional

FI577 - Instrumentação eletrônica para a física

Leituras recomendadas: Agarwal Cap. 15 e Horowitz & Hill Cap. 4

Amplificação e controle

  • Vimos anteriormente que é possível utilizar transistores para amplificar sinais, utilizando o terminal da base como controle de sinais.
  • Como podemos realizar operações matemáticas sobre os sinais que estamos utilizando (\(+, -, \times, /\))?
  • Podemos usar os transistores diretamente, ou usar outro componente mais apropriado…
  • Amplificador operacional (Amp-Op): circuito integrado que simplifica a realização de diversas operações matemáticas
  • O aspecto chave que permite um bom funcionamento do Amp-Op é o seu alto ganho diferencial


Modelo simples para o Amp-Op

  • O Amp-Op possui 2 entradas [inversora (-) e não inversora (+)].
  • A tensão na saída é dada por \(V_O=A\left(v_+-v_-\right)\). Amplifica a diferença entre as tensões das suas entradas.
  • O ganho \(A\) possui um valor muito grande (ex.: \(10^5-10^{10}\))
  • Estimativa: se \(\delta V=10\) mV, tipicamente \(V_O\geq10^3\) V! Considerando que a maior tensão do circuito é dada pela fonte de tensão, parece num primeiro momento que o Amp-Op é inútil por ter um ganho muito alto…
  • \(A\) possui o mesmo problema que o ganho de corrente de um transistor: não é um parâmetro confiável


Realimentação negativa

  • A genialidade do Amp-Op está justamente em descartar o ganho excessivo, utilizando o sinal de saída para realimentar (feedback) uma das entradas.
  • Supor que \(v_-=B V_O\). Então, temos que \(V_O = \frac{A}{1+A B}v_+\).
  • Ora, \(A\) é muito grande… de forma que \(\frac{A}{1+AB}\approx \frac{1}{B}\).
  • \[V_O \approx \frac{v_+}{B}\]
  • A tensão na saída depende apenas dos componentes que utilizamos para a realimentação (B), que são parâmetros bem comportados.
  • Desde que vejamos como “construir” B’s adequados, podemos realizar diversas operações sobre \(v_+\).


Realimentação positiva

  • Podemos também pensar em utilizar o sinal de saída para realimentar \(v_+\).
  • \(v_+=B V_O\). Então, temos que \(V_O = -\frac{A}{1-A B}v_-\).
  • Aparentemente o mesmo argumento anterior funcionaria, mas note que se \(A B = 1\), o circuito apresentará um comportamento singular.
  • De fato, o ganho \(A\) varia com a frequência, de forma que existe uma frequência \(\omega_{GBP}\) tal que \(A=1\)
  • \(\omega_{GBP}\): Unity Gain-Bandwidth Product frequency
  • A realimentação positiva geralmente produz um circuito instável, sujeito a oscilações.


LM324

Compreendendo circuitos com Amp-Ops

  • \(V_O=A\left(v_+-v_-\right)\)
  • Notar que, se o Amp-Op está funcionando adequadamente (usando realimentação negativa), temos que \(V_O\) é uma tensão limitada pela fonte de tensão usada no sistema (ex.: \(-9 \leq V_0 \leq 9\)). Ou seja, \(v_+-v_-=\frac{V_O}{A}\approx 0\)


  • Curto circuito virtual: \(v_+=v_-\)
  • Usando realimentação negativa, o Amp-Op força com que as tensões \(v_+\) e \(v_-\) sejam iguais.
  • Além disso, a corrente que entra no Amp-Op é geralmente desprezível
  • \(I_+ = I_- = I_B\). Tipicamente, \(I_B\leq100\,\text{nA}\) quando o Amp-Op utiliza transistores bipolares na entrada, e \(I_B\leq100\,\text{pA}\) quando utiliza transistores CMOS e/ou FET.

Amplificador não-inversor

  • Consideremos o circuito ao lado. Qual a relação entre \(v_{out}\) e \(v_{in}\)?
  • \(v_- = \frac{R_1}{R_1+R_2} V_{out}\)
  • Mas \(v_{in}=v_+=v_-\) (curto virtual)
  • \(v_{in} = \frac{R_1}{R_1+R_2} V_{out}\). Ou seja,


  • \[V_{out} = \left(1+\frac{R_2}{R_1}\right) v_{in}\]
  • A tensão na saída é maior que na entrada! Notar também que a impedância da entrada é muito elevada.

Amplificador inversor

  • Consideremos o circuito ao lado. Qual a relação entre \(v_{out}\) e \(v_{in}\)?
  • Pelo princípio do curto virtual, sabemos a tensão em \(v_-\). Sabemos ainda que não entra corrente pelo Amp-Op.
  • \(v_- = v_+ = 0\), e \(I_{in} = I_L\).
  • \(I_{in} = \frac{v_{in} - 0}{R_1} = I_L = \frac{0 - v_{out}}{R_2}\)


  • \[v_{out} = -\frac{R_2}{R_1} V_{in}\]

Cálculo com Amp-Op’s

  • Podemos analisar também circuitos que contenham indutores e capacitores, substituindo as resistências nos casos anteriores por impedâncias. \(v_{out} = -\frac{Z_2}{Z_1} V_{in}\)
  • Suponha que \(Z_1 = R\), \(Z_2 = -j/\omega C\). Então, temos \[v_{out} = -\frac{1}{j\omega R C} V_{in}\]


  • A função de transferência é a mesma de um integrador ideal (Não precisamos trabalhar com sinais pequenos)
  • Suponha que \(Z_1 = -j/\omega C\), \(Z_2 = R\). Então, temos \[v_{out} = -j\omega R C V_{in}\]
  • A função de transferência é a mesma de um diferenciador ideal (Não precisamos trabalhar com sinais pequenos)

Somador

  • Podemos somar tensões usando o circuito ao lado, convertendo a soma de correntes em uma d.d.p.
  • \(v_- = v_+ = 0\), \(I_1 + I_2 = I_G\)
  • \(\frac{V_1-0}{R_1} + \frac{V_2-0}{R_2} = \frac{0-V_{out}}{R_G}\).
  • Se \(R_1=R_2=R\), \[V_{out} = -\frac{R_G}{R}\left(V_1+V_2\right)\]


Subtrator

  • E como realizar uma subtração?
  • Podemos modificar a tensão na entrada não invertida (sem incluir \(v_+\) na realimentação!)
  • \(v_+ = \frac{R_3}{R_2+R_3} V_2 = v_-\), \(I_1 = I_G\)
  • \(\frac{V_1-v_-}{R_1} = \frac{v_--V_{out}}{R_G}\).
  • \(\frac{V_1}{R_1} - \left(\frac{1}{R_1} + \frac{1}{R_G}\right) v_- = - \frac{V_{out}}{R_G}\)


  • \(V_{out} = -\frac{R_G}{R_1} V_1 + \frac{R_G+R_1}{R_G R_1} \frac{R_3}{R_2+R_3} V_2\)
  • Se \(R_1=R_2=R\) e \(R_3=R_G\), temos
  • \[V_{out} = \frac{R_G}{R} (V_2-V_1)\]
  • Podemos considerar a diferença entre 2 sinais, e mesmo amplificar esta diferença (\(R_G>R\))

Filtro ativo passa-baixa (Sallen-Key)

  • Amp-Op’s melhoram a performance de filtros de sinais.
  • Consideremos um filtro passa baixa na topologia Sallen-Key
  • \(v_+=v_-=V_{out}\).
  • Correntes em \(V_X\): \(\frac{V_{in}-V_X}{R_1} = \frac{V_{X}-V_{out}}{R_2} + \frac{V_{X}-V_{out}}{-j/\omega C_1}\).


  • \(C_1\) e \(R_2\) virtualmente em paralelo.
  • A corrente que atravessa \(R_2\) também passa por \(C_2\): \(\frac{V_{X}-V_{out}}{R_2}=\frac{V_{out}}{-j/\omega C_2}\).
  • Resolvendo o sistema, encontramos \[V_{out} = \frac{V_{in}}{1 - \omega^2 R_1 R_2 C_1 C_2 + j \omega (R_1+R_2) C_2}\]
  • Notar a ressonância em \(\omega_0^2 R_1 R_2 C_1 C_2=1\), ou \(\omega_0=1/\sqrt{R_1 R_2 C_1 C_2}\) (existe feedback positivo!)